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DISPUTA POR TOMBAMENTO E DEMOLIÇÃO: A SAGA DA MANSÃO MATARAZZO

Ícone da Avenida Paulista, o antigo palacete tinha 19 dormitórios, 17 salas, biblioteca e abrigou o primeiro carro da cidade

Em 1896, a poderosa família Matarazzo, condutora das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, esbanjava poder e fortuna ao ser uma das famílias mais ricas do país, com seu fundador, Francesco, se tornando o homem com o maior patrimônio do Brasil. Através do grupo, a atuação se espalhava em atividades metalúrgicas, químicas, alimentícias, têxteis, em eletricidade, ferrovias e outras ações de comercio. Aos 42 anos, o empresário havia se casado no ano anterior e, já com 20 anos de convivência e 9 filhos, decide construir uma casa à altura de tal grandeza, como reportamos anteriormente. Em um terreno de 4,4 mil metros quadrados instalaca-se a Mansão Matarazzo, localizada no número 1230 da Avenida Paulista, até hoje um dos endereços mais notórios da América Latina. Dando direto a principal avenida da capital paulista, o local era estrategicamente próximo do centro administrativo onde seu grupo de empresas atuava, prédio que hoje abriga a Prefeitura de São Paulo.

Palácio do líder

De acordo com o Projeto São Paulo City, sua primeira versão, antes de numerosas reformas ao longo das nove décadas seguintes, o terreno completava 12 mil metros quadrados de jardim, contando com 19 dormitórios, 17 salas, refeitórios, três adegas e até mesmo uma biblioteca contando com obras raras, inclusive de outros modos de artes além da literatura, como pinturas de Rubens e Canaletto. Além disso, foi um dos primeiros com garagem para carro, visto que seu dono era proprietário do veículo Packard com a placa número 1 da frota municipal, ou seja, o primeiro a circular pelas ruas da cidade. Com a aquisição de prédios ao redor na década de 1940, a residência tomou uma forma ainda maior ao ser expandida até a calçada da avenida.

Falência geral

Com a queda dos negócios da família de maneira gradativa, em decorrência de dívidas e inserções comerciais de concorrentes, inclusive internacionais, os bens dos Matarazzo foram sendo deixados de lado ao longo das décadas. A mansão em questão foi um dos últimos bens deixados para trás; a condessa Mariângela, viúva do conde Chiquinho Matarazzo, foi a última a se instalar no local junto da filha Maria Pia, o deixando em 1989, mesmo ano onde a prefeita de São Paulo decidiu tombar o prédio, iniciando uma disputa. De acordo com o jornal Estado de S. Paulo, o tombamento foi a contragosto da família, que chegou a tentar implodir o imóvel durante uma madrugada ao instalar uma bomba no porão, sem sucesso, apenas danificando parte da estrutura interna do imóvel. Erundina, então prefeita de São Paulo, por sua vez, tinha interesse em instalar o Museu do Trabalhador, fato que não se concretizou, visto que, em 1884, a família reverteu a decisão judicialmente e conseguiu reaver a mansão, a demolindo em 1996, justamente no centenário de sua edificação. Invés de manter o prédio histórico, preferiram vender o terreno a um grupo de propriedades comerciais, que inicialmente abrigou um estacionamento até os anos 2010, quando iniciaram a construção do que hoje é o Shopping Cidade São Paulo. Fonte: Aventuras na História, Uol.