Moradores do centro de São Paulo se reuniram, na tarde de segunda-feira (4/11), com o órgão de patrimônio da Prefeitura da capital para discutir a transformação da Praça da República em um parque, de forma que o espaço possa ser gradeado.
A mudança é um pedido do Conselho de Segurança do Centro (Conseg) do centro, formado por moradores da região, que reclamam dos problemas de segurança na região. A ideia é que, ao ser transformada em um parque, a Praça da República terá o controle de acesso feito por grades.
A proposta formal foi apresentada primeiro à Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, que emitiu um parecer desfavorável à mudança, porque ela poderia representar uma descaracterização da praça, patrimônio tombado desde 1985.
Para discutir a questão, a solicitação foi encaminhada ao Departamento do Patrimônio Histórico da Secretaria Municipal de Cultura e será decidida após a realização da reunião desta segunda-feira com o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).
A proposta de gradear a Praça da República tem como inspiração o projeto de revitalização da Praça Princesa Isabel, na região do Campos Elíseos, também no centro de São Paulo.
Durante a pandemia, o local ficou marcado por receber usuários de crack e traficantes, se tornando uma espécie de “nova Cracolândia”. À época, a situação repercutiu na imprensa, com reclamações do comércio e de moradores, que apontavam que a região havia se tornado uma ilha de insegurança.
Em resposta, a Prefeitura de São Paulo, em parceria com o governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), transformou a praça no Parque Princesa Isabel, controlando o seu acesso por meio de grades. Com isso, a Cracolândia voltou a se distribuir em outros pontos da cidade, entre eles as proximidades da Praça Júlio Prestes.
A principal justificativa usada pelo Conseg para pedir o gradeamento da Praça da República é que a ação iria coibir a ocorrência de furtos e roubos.
Um levantamento feito pela Polícia Militar em agosto deste ano mostrou que a região da República é vice-líder no ranking dos bairros de São Paulo com a maior incidência de roubos de celulares. Para combater a criminalidade na região, a PM mantém um posto policial na praça.
A transformação em parque, contudo, poderá afetar outras atividades do local, como a realização de shows e eventos. A praça abriga uma tradicional feira de artesanato, além de dar acesso a uma das entradas da estação de metrô que atende as linhas 3-Vermelha e 4-Amarela. Por lá, também são comuns ações para o acolhimento de pessoas em situação de rua, como mutirões de banho.
Em nota ao Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que tem “aprimorado as ações de enfrentamento à criminalidade na região da Praça da República, com mapeamento nas áreas de maior incidência de crime e contato permanente com comerciantes, moradores e outros órgãos”.
Segundo a SSP, de janeiro a setembro deste ano, houve uma redução de 53,7% nos roubos e de 41,1% nos furtos em geral na área do 3º Distrito Policial (Campos Elíseos), em comparação ao mesmo período do ano anterior. “Os furtos de veículos seguem a mesma tendência, com uma diminuição de 21,9% no mesmo período.”
A pasta esclareceu, ainda, que o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) estuda o tombamento da praça. “Qualquer intervenção deve ser submetida ao conhecimento e aprovação do Conselho.”
Fonte Metrópoles